Autor: Fernão Mendes Pinto
Professora: Isabel Morujão
"Peregrinaçam de Fernam Mendez Pinto em que da conta de muytas e muyto estranhas cousas que vio & ouuio no reyno da China, no da Tartaria , no do Sornau, que vulgarmente se chama Sião, no do Calaminhan, no de Pegù, no de Martauão, & em outros muytos reynos & senhorios das partes Orientais, de que nestas nossas do Occidente ha muyto pouca ou nenhu[m]a noticia. E tambem da conta de muytos casos particulares que acontecerão assi a elle como a outras pessoas... / escrita pelo mesmo Fernão Mendez Pinto. - Em Lisboa : por Pedro Crasbeeck : a custa de Belchior de Faria, 1614."
"«Que é o que vindes buscar a essoutra, porque vos aventurais a tamanhos trabalhos?» E declarando-lhe então a razão disto, pelas melhores e mais enfeitadas palavras que então ocorreram, esteve um pouco suspenso, e (...) disse para um homem velho que estava junto dele:
- Conquistar esta gente terra tão alongada da sua parte dá claramente a entender que deve de haver entre eles muita cobiça e pouca justiça.A que o velho (...) respondeu:- Assim parece que deve ser, porque homens que por indústria ou engenho voam por cima das águas todas por adquirirem o que Deus lhes não deu, ou a pobreza neles é tanta que lhes faz esquecer a sua pátria, ou a vaidade e a cegueira que lhes causa a sua cobiça é tamanha que por ela negam a Deus e a seus pais."
Comentário do Rei dos Tártaros sobre a cobiça dos portugueses de seiscentos no Oriente; Peregrinação, CXIII.
"Na «Peregrinação» o autor narra a sua vida, de aventuras e desventuras, e as suas viagens pelo Oriente, ao longo de 21 anos, em relatos de enorme riqueza, com descrições muito pormenorizadas dos povos, das línguas e das terras por onde passou. Estas descrições revelam uma enorme admiração e fascínio pela grandiosidade dessas civilizações. Chega, inclusive, a recorrer a personagens orientais para tecer críticas à cobiça e ambição dos mercadores e militares…" (Grandes Livros é um documentário exibido pela RTP2 que visa contribuir para a promoção da leitura das grandes obras da literatura portuguesa junto de todas as faixas etárias de falantes de português. Cada episódio conta com a participação dos principais especialistas na obra e/ou no autor em análise, recriações do autor e da sua obra.)
Olá Miguel
ResponderEliminarPalavras sábias do Rei dos Tártaros.
Certamente de propósito nunca foi nem é livro recomendável por quem,a modos de moeda ao ar que creio é o que sabem apenas fazer,fixa as leituras no secundário (acho que não erro e não cometo alguma injustiça).
Eu nunca li,confesso;e certamente muito poucos a terão lido ..por que passagens destas revelam que o tal nobre povo sempre foi pobre com manias de grandeza ou então com laivos de sobrevivência.
Mas não creio que seja esse o móbil para o empobrecimento actual pois ..já não há mares por descobrir nem terras para ocupar.
Tenho de facto 6 a 7 volumes desta 'Peregrinação' - que mais não quer dizer,de modo vaidoso,'Nação Peregrina'? - de algo colecionável por um semanário; e como a maioria,também nunca a li.
Mas é bom ver que a sabedoria está não só no Rei dos Tártaros mas também naquele que o cita e transcreve! Seria passagem a ser lida no próximo dia 10/Jun.? Não;de certeza que não!
Abraço
Carlos